Municípios gaúchos investem em inteligência artificial contra o furto de gado

O número de ocorrências de crimes de furto de gado no Rio Grande do Sul chegou a 5.199 registros em 2021, além daqueles que acabaram não sendo registrados pelos pecuaristas. Somente em janeiro de 2022, foram 295 casos, de acordo com o relatório da Segurança Pública do RS.

Os crimes de furto envolvendo animais do campo, com destaque para o gado, costumam ser praticados durante o período noturno e aos finais de semana, quando a escuridão e a pouca vigilância facilitam a execução do delito, além de dificultar a identificação dos autores.

Para aumentar o combate a um crime que gera um prejuízo na casa de milhões de reais todos os anos aos produtores rurais, as Prefeituras de Dom Pedrito, na região da Campanha, Canguçu e Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul do Estado, e Santiago, na região Central, investem em tecnologia e inteligência artificial.

Além deles, cerca de 60 representantes de prefeituras gaúchas e sindicatos rurais já participaram de reuniões para conhecimento da solução e avaliam a utilização.

Os municípios passaram a utilizar o AbigeApp: Aplicativo contra abigeato, que disponibiliza um banco de dados online, com armazenamento em nuvem, para o registro de marcas e sinais de animais do campo, como bovinos, equinos e ovinos. A tecnologia substitui os livros de papel usados hoje neste serviço.

A solução torna-se completa uma vez que as autoridades de segurança pública locais, regionais e estaduais têm acesso gratuitamente a um aplicativo com recursos de inteligência artificial para consultar este banco de dados, identificar a propriedade dos animais apreendidos e agilizar a investigação em crimes de abigeato.

“É uma ferramenta inédita no Rio Grande do Sul e que possibilita ao agente da segurança pública desenhar na tela do celular a marca e o sinal encontrados no animal e fazer uma pesquisa online, com rapidez, aos registros de marcas e sinais que estão no banco de dados das prefeituras da região”, avalia o inspetor de Polícia Civil da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Decrab) de Bagé/RS, Patrício Antunes.

A organização do crime de furto de gado dificulta o trabalho da segurança, uma vez que os criminosos costumam apresentar documentos falsos ao serem detidos em barreiras.

“Quando a Polícia faz abordagem a um caminhão carregado com animais na estrada, muitas vezes, o abigeatário apresenta documentos falsos com os nomes de quem comprou e de quem vendeu aqueles animais. Com o AbigeApp, as autoridades de segurança pública podem consultar imediatamente se os animais que estão no caminhão realmente pertencem ao proprietário que está sendo mencionado no documento apresentado pelo condutor, assim como acessar os dados de contato do proprietário que registrou aquela marca e sinal na região. Isso nos permite fazer uma ligação por telefone e confirmar se ele identificou o desaparecimento de animais da sua propriedade nas últimas horas ou se realizou uma venda de animais que podem estar em transporte naquele momento”, exemplifica Antunes.

O município de Dom Pedrito é o 4º maior criador de rebanho de bovinos de corte do RS, segundo o levantamento da Secretaria Estadual de Agricultura. A Capital da Paz, como é conhecida, foi a primeira a contar com a tecnologia no Estado.

“O nosso município sofre com os crimes de abigeato há alguns anos. Agora estamos modernizando o nosso sistema de registro de marcas e sinais de animais e fazendo a migração dos livros de papel para um aplicativo com inteligência artificial, que é disponibilizado para auxiliar o trabalho da Decrab da nossa região”, comemora o prefeito de Dom Pedrito, Mário Augusto de Freire Gonçalves.

VÍDEO: Assista à reportagem do AbigeApp no Jornal do Almoço, da RBS TV

“O AbigeApp será ainda mais efetivo para a segurança pública se um maior número de prefeituras municipais da mesma região utilizar o serviço. Os criminosos costumam furtar o gado de um município e transportar a carga para outro, então, é importante aumentar a “área de cobertura” do aplicativo na região e consolidar uma espécie de “cercamento eletrônico” daquela faixa do mapa”, recomenda o Diretor Executivo do AbigeApp, Diego Vilela.

Reconhecido no Rio Grande do Sul como uma solução diferenciada, o AbigeApp subiu ao palco da Assembleia de Prefeitos da Federação das Associações de Municípios (FAMURS), em Torres/RS, no final de março.

O evento reuniu mais de 800 pessoas, entre representantes de órgãos municipais, estaduais e federais, que prestigiaram a Assembleia de forma presencial.

Além disso, o evento foi transmitido ao vivo pelos canais oficiais da FAMURS e em mais de 20 rádios do Rio Grande do Sul.

Composta por 27 Associações Regionais, a entidade representa os 497 municípios gaúchos – reunindo prefeitos, vice-prefeitos, secretários, técnicos e órgãos da gestão pública municipal. Seu papel institucional é garantir a representatividade dos agentes locais.

“O AbigeApp é uma solução de inovação para a gestão pública”, avalia o presidente da FAMURS e prefeito de São Borja/RS, Eduardo Bonotto.

O aplicativo é mais um avanço no processo de transformação digital, pelo qual as prefeituras gaúchas estão passando.

“O app utiliza recursos de inteligência artificial para comparar, em poucos segundos, a semelhança entre os traços das marcas de animais registradas no software e os traços do desenho da marca feito pelas autoridades de segurança na tela do aplicativo. O processo é semelhante para a pesquisa pelos sinais das orelhas dos animais, em que o agente utiliza uma tela interativa no app para clicar nos pontos da orelha em que existem os sinais e fazer a consulta”, explica o Diretor de Tecnologia do AbigeApp, Rafael Abreu.

VÍDEO: Entenda como funciona o AbigeApp para as prefeituras e para as autoridades de segurança

Ao auxiliar a segurança pública no combate aos crimes de abigeato, o AbigeApp assume um compromisso que gera impacto na segurança no campo, economia e responsabilidade social.

“Este tipo de crime gera um prejuízo enorme para diversos setores. Entre as propostas de valor que impactam na sociedade, esperamos contribuir com o aumento da rentabilidade dos criadores de animais, aumento da rentabilidade do comércio legalizado, diminuição da contaminação de pessoas com o consumo de carne imprópria e, por fim, dificultar ainda mais a execução dos crimes de abigeato”, pondera o Diretor de Negócios do AbigeApp, Rodney Silva.

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